terça-feira, 16 de outubro de 2012

Projeção astral


Nunca, como nesta era da comunicação tivemos que tentar entender o outro como agora. Tentar descobrir quem é aquela pessoa do outro lado do pc ou do mundo que te curte na  fan page que vc cuida e alimenta com mais afinco do que um Tamagotchi.

Quem trabalha com mídia social, sabe bem do que eu tô falando. Tem post que a gente faz pensando que não vai dar em nada e as pessoas adoram e outros que vc acreditava serem incríveis mas ninguém da bola. Tentativa e erro nunca foram tão importantes pra quem quer fazer um bom trabalho.


Eu particularmente gosto muito quando algum recurso tecnológico te remete ao outro lado da moeda e te faz repensar as relações, sejam elas puramente sociais ou mesmo a relação do consumidor com uma marca. Gerenciamento de crise, vejam bem, é uma expressão adotada por empresas. Estamos todos em 'análise'  e isso é muito bom. 

O turbilhão de compartilhamentos nos fez ter a certeza daquela velha teoria dos seis graus de separação, que tenta provar que o mundo é uma rede. Hoje em dia eu diria que o que separa vc de ter alguma interação com Eike Batista ou algum gatão da Globo são apenas alguns compartilhamentos. Quem nunca teve um famoso como possível conhecido no Facebook?




Tudo isso quando a gente pensava que as relações interpessoais estavam em algum lugar obscuro das coleções passadas. Exemplo disso é a repercussão causada pela volta do Lollo. E por favor Nestlé, nada de milkbar, nós queremos é Lollo!

A rede não tem fim, ela se retroalimenta por compatibilidades ou recusas puramente humanas. E que bom saber que o que move toda essa engrenagem pode ser uma afinidade política ou um velho clichê da infância.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Pinterest e a filosofia de bar

Sempre penso no que leva uma pessoa a ser um ícone de estilo atemporal. Passeando pelo pinterest - meu atual vício- observo que certas figurinhas são onipresentes no imaginário coletivo, não só no quesito beleza mas referente a algo desejável e admirado.

Jane Birkin, Audrey Hepburn, James Dean, Briggite Bardot, Marcello Mastroianni, Sophia Loren  não são apenas bonitos, são figuras antes de tudo representativas de algo não palpável e hipnotizador.
Photoshop e personal stylist dos tempos modernos buscam reproduzir incessantemente essa aura de magia sem grande sucesso, ao meu ver. O que temos são listas das mais bem vestidas feitas por Vogues e sites de moda, mas nada me soa tão consistente e capaz de gerar ícones e atravessar décadas.



Peguei carona na relatividade do tempo atual, da metralhadora de imagens geradas e me perguntei se é possível dizer que uma década 'acontece' em 3 anos. Tudo é relativo....O que perdura hoje num espaço de tempo deve ser multiplicado?

Pensei também no porque destas lacunas. Nossos 'heróis' morreram de overdose ou estão fadados a ocupar um lugar no passado?  Fiz um link com o filme de Woody Allen,  Meia Noite em Paris, será que ele tem razão??? A magia e o encantamento se faz sempre pelo túnel do tempo? A ideia não é fechar a questão, apenas dividir uma viagem bobinha e sem grandes pretensões.


Mas se tem uma pessoa que representa bem essa coisa da aura que eu tolamente tento explicar e ta aí com seus 30 e poucos aninhos de vida esse alguém é James Franco. Eu até hoje não sei se gosto dele pq ele me lembra galãs 'antiguinhos' ou pq ele é dono dessa elegância atemporal.




http://pinterest.com/danisartori/

O pinterest não me deixa mentir.
E vc o que me diz?

terça-feira, 1 de maio de 2012

"To Rome with Love"

Hoje fui ao cinema assistir "To Rome with Love" de Woody Allen, dessa vez ele jogou baixo e reuniu tantas coisas que eu amo -tudo ao mesmo tempo agora- que ao me deparar com o filme em cartaz na internet, larguei o que estava fazendo num feriado chuvoso e saí batida para o cinema. Coisa de 30 min tava lá, juro!
A trinca que me 'causou' essa reação era ele mesmo, Roma e Penélope Cruz.

                                   umas das melhores cenas do filme com Penélope, sempre impagável


Quando estava no cinema me dei conta que, pelo menos na minha vida, o 'espaço' cinema está intimamente ligado às cidades que eu morei. Me dei conta que não tenho por hábito frequentar cinemas nas cidades que estou a passeio. Pensei no número de cinemas que eu já fui versus número de cidades que conheço.
E as cidades, claro, ganharam de lavada.
Daí essa constatação foi um pulo pra fazer merecer a teoria que ir ao cinema é algo tão intimo nas relações. Quando a gente combina um cinema é um bom sinal, quase um sinal de que estamos em 'casa'.

Voltando ao filme...eu diria que Roma é uma cidade de causar taquicardia de tãaao linda. Como dizem os italianos è una città stupenda! E, é mesmo.

Woody Allen não explorou demasiado a  geografia da cidade. Creio eu que as relações sejam sempre  mais importantes para ele.
Onde quer que esteja, exceto um pouco seu ninho nova- iorquino, Woody Allen parece estar com o foco sempre no ser humano, esmiuçando cada relação e isso faz dele o neurótico mais genial do cinema.
E eu me identifico com essa coisa, 'você muda de lugar, mas eu te acho'.
Te acho nos detalhes, nos hábitos, no modo de ver o mundo...
Cada um com sua Roma, uns tiram tantas fotos que não parecem ver, outros se encantam tanto que se esquecem de fazer fotos...seus filmes parecem tão iguais e tão diferentes.


E eu amei o modo escancarado como ele expõe o psicológico da personagem de Ellen Page, me pareceu um radiografia detalhista de um certo tipo de personalidade vazia, muito popular nos dias atuais. Debochar disso e de sua sensualidade infantil, me faz pensar que Woody está feliz como está.
Eu realmente gosto de tudo em seu estilo, o figurino nada pretensioso e certeiro, o elenco e principalmente a forma doce e patética de falar sobre as neuroses e fragilidades de cada um.
Salvou meu feriado chuvoso.
Bravo!


ps: amantes da moda fiquem ligados pq Domenico Dolce e Stefano Gabbana fazem uma pequena aparição no melhor estilo 'Onde está Wally'.
ps: tem um ator italiano que eu AMO e tá no filme; Riccardo Scamarcio.



terça-feira, 24 de abril de 2012

made in Italy

Há quem diga que não é grande fã da moda italiana, há também quem diga que a moda italiana é muito clássica ou careta demais. E eu estou aqui para discordar de absolutamente tudo isso.
É preciso treinar o olhar e ver além da alfaiataria e do imaginário cafona de Versace pós-90'.

As contravenções italianas moram nos detalhes. 
Numa risca de giz fabulosa e inusitada de um blazer, em um botão que desconstrói tudo, numa combinação de gravata jamais pensada, num óculos com armação incrível ou um sapato precioso que hipnotizam o olhar como um imã.


                                                     http://www.thesartorialist.com

É preciso também ver fotos e assistir aos desfiles da Prada pra entender o seu magnetismo a cada temporada.
Formada em Ciências Políticas, Miuccia Prada parece captar no ar o imaginário coletivo da aldeia global. Com uma influência pra lá de poderosa, suas criações produzem um efeito dominó nas 'pseudo criações' mundo afora.

Prada nos anos 90 fez o mundo desejar um sapatenis com um listra vermelha lateral. Muita gente usou sem saber. E é quase sempre assim, as artimanhas e a grande influência da moda italiana são capazes de ecoar até nos guarda-roupas de pessoas que dizem não ligar para a moda.
Essa temporada o sapato oxford com sola um pouco mais alta e listra flúor já é onipresente na primavera européia, e de novo vai ter muita gente sem saber que tem o dedo de dona Miuccia nos genéricos que a grande massa vai usar.


Ando numa fase de valorizar as formas simples, e talvez seja esse o motivo de um olhar tão apaixonado. Confesso também estar numa fase mimada de ver homens tão bem vestidos pelas ruas. Nada que 2 semaninhas de Riow de Janeiro não resolva, o  primeiro gato surfista passando de longboard no meu raio de alcance e eu esqueço todas as vespas e gravatas da vida.

Mas ainda sim eu insisto em dizer que desconfio seriamente do bom gosto de pessoas que não se encantem com um bom terno ou aquela atmosfera navy  rica -com muito azul e branco- que os italianos interpretam tão bem.
As imagens não me deixam mentir.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

novos ventos

Acho interessante o modo como absorvemos culturas, inclusive no modo de vestir
Aqui em Milão tem tribos vindas de vários lugares do globo, mas que ainda sim conservam vivos seu estilo de origem.
Isso é particularmente interessante quando observamos 'estrangeiros' com um 'certo' ar italiano.
É o caso das japonesas e chinesas, por mais que elas usem peças classudas ou quase caretas elas possuem um talento nato para styling e um olhar inusitado sobre a moda. Não sei se movidas por um desejo de se diferenciarem umas das outras, as orientais conseguem sempre ressaltar este desejo em combinações pouco usuais e muito fresh.
                                                        http://www.thesartorialist.com
Quando vejo indianos usando cachecol com sapatos italianos, ainda sim eles possuem a capacidade de se manterem fiéis a seu estilo.
Eu simplesmente adoro isso, pq é algo que soa globalizado com identidade.
Até Karl Lagerfeld se encantou com as indianas endinheiradas que hoje são uma fatia de mercado importante para Chanel.
Soa quase óbvio que a coleção Paris- Bombay tenha sido elaborada para afirmar a importância desta neo-clientela em tempos de crise, mas creio que Mr. Lagerfeld tenha verdadeiramente se encantado com a maneira como suas clientes indianas usam Chanel.

Aos meus olhos, Chanel nunca me pareceu tão moderna e desconstruída como nesta coleção.
Não só a beleza das peças desfiladas e do cenário me diziam coisas, mas era como se num pequeno espaço de tempo do espetáculo, pudéssemos fazer a leitura de um discurso atual, sem precisar olhar para gráficos e cadernos tediosos de economia.
Estava tudo ali, discursos sobre a ascensão de novos países, a nova configuração global e o que podemos tirar de melhor dela. E claro,  uma recepção pra lá de tentadora para este público consumidor.
Armani também fez sua parte ao escalar modelos orientais para sua nova campanha publicitária.



Os ventos da moda sopram para novas direções e isso me parece bastante excitante.
E é deste olhar global e sensível ao outro que estou falando.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

filosofia de Best-seller

Muitas vezes tenho a impressão que a globalização ou o mundo virtual acaba tirando uma certa emoção das coisas. Antes de tudo quero que fique bem claro, gosto de usufruir das coisas que antes pareciam difíceis ou inacessíveis, mas devo confessar que cultivo uma certa nostalgia de algumas coisitas.

Uma coisa que sempre cito é em relação a música. Me lembro da sensação gostosa de comprar um cd e poder lembrar de uma época com trilha sonora irritantemente repetitiva. Hoje em dia tenho tantas coisas 'baixadas' no computador que sou capaz de escutar uma música sem sequer saber o rosto de quem canta.

Como sempre tenho uma tendência a levar a lógica da vida para a moda, essa sensação de não dar conta da velocidade do tempo e da multiplicação de tudo me acomete principalmente quando entro em uma loja de fast fashion. Toda vez que estou numa H&M visualizo algumas blogueiras de moda penduradas em cabides. Essa 'miragem' que visualizo se deve ao fato de que pra mim estilo blogueira se tornou uma espécie de seguimento de estilo.

Minha intenção não é qualificar determinado estilo como interessante ou não, apenas observo o grau do processo de pasteurização que chegamos. Me soa vazio demais comprar um 'estilo' como se fosse uma espécie de combo ou fantasia. Vai chegar o momento em que venderemos óculos de grau com camisetas justinhas e frases de efeito cool numa espécie de combo hipster.

Pq volta e meia fico com a sensação que até ao direito ou 'trabalho' de fazer uma simples composição esses grandes magazines andam 'tirando' dos seus consumidores. As pulseiras são vendidas em conjuntos como se vc as tivesse selecionado de uma forma nonsense e personalizada. Não, não é verdade, basta comprar todas juntas e 'baixar' o pseudo estilo na fila do caixa.



É claro que a comercialização de um estilo sempre existiu, numa analogia barata e simplista por exemplo, os punks  tiveram seu estilo, que a princípio era uma ideologia, comercializados. Mas o que pega pra mim é a velocidade da comercialização, no caso.

A velocidade não te permite um tempo de absorção para construir a sua própria história. É normal gostar de um estilo e querer tirar algum proveito dele, mas isso é legal se vc soma ao invés de consumir. O que acontece na real é que se vc se preocupa em acompanhar tudo o que está na moda, seja na vida ou seja no estilo vc perde a sua identidade ao levar para o seu guarda-roupa e para a sua mente a lista dos 10 mais que vc sequer optou ou procurou eleger...Montar uma biografia de si mesmo requer estilo na vida e de vida.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

estilo geográfico

Ontem quando procurava uma foto para ilustrar o post dei um google para cachecol e o legal foi que gostei justamente da foto de uma menina de Milão sem saber. Quando bati o olho na foto ela ilustrava bem aquilo que eu procurava, uma pessoa italiana, no caso milanesa, com um estilo próprio de usar o cachecol.
É interessante observar o estilo que cada cidade imprime no seu modo de vestir, mesmo em épocas globalizadas.

Gosto de fazer esse exercício de ver uma foto em blogs de street style e tentar descobrir de onde é a pessoa sem olhar a legenda. Mesmo que não conheça meio mundo, consigo diferenciar um estilo parisiense de um estilo italiano, por exemplo.

Por experiência própria sou uma mineira que viveu no Rio, teve uma pequena experiência em SP e depois veio parar em Milão.
E cada uma destas cidades me influenciaram de alguma maneira. Lembro que depois de anos de Rio pensava ser possível usar chinelo em várias ocasiões, mas fora do território vi que a coisa não era bem assim...

Em Minas, no caso Juiz de Fora, as mulheres costumam se produzir mais, acho que pelas facilidades da vida de uma cidade menor, as pessoas saem do trabalho e passam em casa para dar uma produzida no visual, adoram chapinha, sem falar na maquiagem e nas 'modinhas' que muitas vezes costumam ser engraçadas.

No Rio, o estilo praiano e descompromissado se reflete nas onipresentes havaianas, cores e estampas alegres. A cartela de cores eclética eu acabei incorporando ao meu estilo e acho que essa parece ser uma referência carioca que no imaginário gringo reflete uma certa brasilidade.
Quando estou com roupas coloridas aqui na Itália e alguém sabe que sou brasileira eles logo comentam sobre o fato das cores.

                                           http://www.farmrio.com.br/
Quando estava em SP ficava entendiada com tanto preto e cinza, não sei se pela poluição ou pela rotina pesada que a cidade exige, a roupa tem que aguentar o dia todo sem direito a voltar para casa. Daí também o fato das pessoas serem bem vestidas na balada ou algo geográfico e cultural que justifique os 'terninhos' horrendos das mocinhas paulistas. Acho que no intuito de tentar passar uma imagem de profissionalismo - coisas de SP- as pessoas insistem em usar cada terninho mais feio que o outro, transformando o metrô paulista numa verdadeira legião de recepcionistas.

Aqui em Milão uma coisa que eu AMO e que me lembra muito uma frase de Diana Vreeland é:
"Se você não se vestir bem durante a semana, é improvável que esteja bem vestida no sábado à noite" .Essa máxima aqui em Milão faz todo sentido, não tem hora nem lugar. No supermercado, na feira, no domingo de manhã as pessoas tem cuidado em se vestir para sair de casa. As senhorinhas italianas então são de apaixonar. Eu sinto como os milaneses nos falasse o tempo todo algo como; bem vindo à cidade da moda!
http://www.thesartorialist.com/